As mulheres na Antiguidade Egípcia

As mulheres na antiguidade egípcia tinham mais direitos do que qualquer outra mulher das restantes culturas do Mundo Antigo, aliás muito semelhante à mulher actual de hoje, o que demonstrava que elas estavam realmente à frente do seu tempo.

O respeito que a mulher egípcia aparentemente desfrutou, devia-se ao facto de ser considerada um complemento e não serva do homem, como ocorreu noutras civilizações da antiguidade. Além disso, emanava da religião na qual as divindades femininas tinham valor específico de representar a vida e a fertilidade abrangendo pois, muitos aspectos fundamentais da existência, como é o caso da deusa Isis.

No casamento, a mulher não perdia o seu nome, governava a herança e tomava decisões sobre o divórcio. Além de se terem destacado como rainhas, esposas reais ou sacerdotisas de Amon, as egípcias ocupavam postos laborais importantes e, assim, houve funcionárias que chegaram a exercer o prestigioso cargo de escriba. Uma mulher chamada Nebet foi mesmo chaty (o principal funcionário da corte) na VI dinastia. A independência matrimonial também lhes permitiu tornarem-se empresárias e desempenharem um papel fundamental na vida económica, como é o caso da dama Nenofer, que triunfou nos negócios no tempo do Império Novo, ou a dama Peseshet na IV dinastia.

Um hino a Isis, inscrito num papiro do século II a.C. exprime deste modo a relevância feminina: “Eras a dona da terra. Conferiste um poder às mulheres igual ao dos homens.”

Quem foram as mulheres que se destacaram na Antiguidade Egípcia?

O culto a deusas tão poderosas quanto os deuses, os egípcios tinham uma ideia de poder Real diferente dos seus vizinhos do mediterrâneo. O trono egípcio pertencia a quem possuísse sangue real e esse era o único critério de acesso ao poder soberano. A legitimidade divina era transmitida pela esposa real e, no caso de não haver herdeiro, a mulher com sangue real assumia a função suprema, a de faraó.

Uma das primeiras rainhas regentes a serem conhecidas na história egípcia foi Neithotep (3150-2600 a.C.), a esposa do faraó Menés. Governou após a morte do marido como regente de seu filho Hor-Aha. Outra rainha do mesmo período foi Merneith ( 2990 a.C.), esposa de Djet, que assumiu o trono em nome de seu filho jovem, Den.

Entre uma dezena de rainhas-faraós conhecidas a mais famosa foi Hatshepsut, filha e esposa de Tutmés I, da 18ª dinastia que por mais de vinte anos (1470-1450 a.C.) governou o Egipto sob uma era de prosperidade económica e de relativo clima de paz. Ela foi responsável pelo comércio bem sucedido, campanhas militares e grandes construções monumentais incluindo a ampliação do templo de Amon em Karnak.

É importante lembrar também do papel considerável da Grande Esposa Real, algumas das quais se celebrizaram pela influência política e diplomática que exercem junto do faraó, entre as quais destacam-se: Tiy, Nefertiti e Nefertari.

Vê-se portanto que Cleópatra VII (69-30 a.C), sendo a rainha faraó mais célebre da história, mesmo sendo de linhagem grega, deu continuidade a costumes egípcios milenares em que as mulheres ascendem ao poder e desenvolveram conhecimentos.

Cleópatra causou uma impressão tão duradoura na história que é provavelmente o primeiro nome que vem à mente quando se pensa numa rainha egípcia.

O estatuto da mulher entra em declínio com o advento do Cristianismo no Egipto no século IV a.C., dada a crença de que Eva, enquanto mulher, introduziu o pecado no Mundo. Assim sendo, legitimamente o poder devia ser conferido aos homens, que dariam mais confiança ao sistema. A invasão árabe do século XII d.C. trouxe o Islão para a terra dos faraós e assim termina a igualdade de género do país por mais de 3.000 anos.

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